domingo, 8 de fevereiro de 2009


Para quê, caminhos do mundo,


Me atraís? — Se eu sei bem já


Que voltarei donde parto,


Por qualquer lado que vá.




Pra quê? — Se a Terra é redonda;


E, sempre, tem de cumprir-se


A sina daquela onda


Que parece vai sumir-se.




Mas que volta, bem mais débil,


Ao meio do lago, onde


A mãe, gota d'água flébil,


Há muito tempo se esconde.




Pra quê? — Se a folha viçosa


Na Primavera, feliz,


Amanhã será, gostosa,


Alimento da raiz.




Pra quê, caminhos do mundo?


Pra quê, andanças sem Fim?


Se todo o sonho profundo


Deste Mundo e do Outro-Mundo,


Não 'stá neles, mas em mim.




Francisco Bugalho, in "Paisagem"